quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Wamaramõ

Escrito por Isadora

A tão esperada viagem pelo norte começou com tudo!

No domingo, 12 de janeiro, chegamos à mística Taquaruçu, situada na região serrana do estado do Tocantins. Turistas e aventureiros de diversos lugares são atraídos por suas belezas naturais.  E que belezas! Nesse primeiro dia de reconhecimento do local da oficina e da apresentação, fomos apresentados à primeira cachoeira da viagem, a Lajeiro. Uma pequena amostra do que nos aguardava mais adiante.

Na manhã do dia seguinte, dia de oficina, esperamos os inscritos por quase uma hora. Esperamos, esperamos... e nada. A ausência geral deve ter ocorrido por causa da distância entre a capital e o distrito. Mas para nossa supresa, cerca de 15 crianças pinotando para lá e para cá no Ponto de Cultura Canto das Artes foram se aproximando cada vez mais. Resolvemos fazer uma atividade/brincadeira conjunta entre adultos e crianças. Foi inusitado e muito divertido apresentar os exercícios teatrais que realizamos em sala de ensaio, adaptados para o universo infantil. Uma manhã para afrouxar o riso e como diria o artesão, flautista, poeta e amigo Rezende: meninamos pra valer! Nos abraços recebidos ao fim da oficina, sentimos toda a gratidão e carinho daqueles pequenos. E mais: vontade de ver teatro.

À tarde, seguimos pela trilha que dá acesso à mais duas conhecidas cachoeiras. No caminho, nos deparamos com uma rica biodiversidade de palmeiras, bromélias, cipós, e um bando de macacos pregos que faziam a batida do seu alimento ecoar mata adentro. De súbito, a força e a beleza da natureza se abriu diante dos nossos olhos: chegamos às cachoeiras Escorrega Macaco e Roncadeira, com seus 50 e 70 metros de queda d’água, respectivamente. Que delícia é a sensação de liberdade e integração com as forças das águas. Com a alma mais leve e renovada, ao final da tarde retornamos a Palmas para descansar.

14 de janeiro: dia da apresentação. Oba! Começamos a montagem do nosso pequeno teatro ao ar livre após o almoço. Durante a passagem de som, muitos transeuntes curiosos por aquele movimento vinham conversar com a gente e garantir presença para logo mais. Estávamos todos muito animados para retribuir um pouco do que recebemos nesses dias.

A noite veio chegando e trazendo consigo uma lua formosa e resplandecente. Raios e relâmpagos que faziam festa no céu compunham a paisagem celeste. Divinal estava a noite! Adentramos a arena com o anfiteatro lotada e toda a gente receptiva. Nos sentimos tão acolhidos que era praticamente unânime entre o grupo que aquela seria a nossa melhor apresentação, com jogo acontecendo entre atores e plateia. Até que... uma ventania começa a tomar conta de todo o espaço. Banners voando, cenário estremecendo, figurino dançando aleatoriamente, guarda chuvas se abrindo... Não custou nem 2 minutos para que uma chuva torrencial tomasse conta de tudo e banhasse todos. Tudo muito rápido. Algumas pessoas da plateia nos ajudaram segurando as poucas e insuficientes lonas que havíamos trazido. Conseguimos proteger apenas nosso material de som e de luz. De resto: figurinos, cenários e tudo o mais ficou extremamente encharcado. Nos olhávamos sem acreditar no que acontecia ao nosso redor. Era muita água e muito vento. Uma ou duas horas depois é que começamos a nos restabelecer de todo o temporal, amuados por não ter conseguido apresentar naquele lugar tão incrível. Por outro lado, fica a vontade de um novo encontro, de ir no Jalapão, de conhecer a Dona Romana e ouvir sua missão, de ir até a tribo dos Krahôs, e claro, de voltar trazendo na bagagem teatro.

Sou só gratidão!
Salve, Taquaruçu!
Wamaramõ!*

Agora vamos de Pará, nossa próxima parada.

*Até mais, diriam os Krahôs.

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