Escrito por Polly Barros
Manacapuru, ou simplesmente Manacá. Belas paisagens no caminho que liga Manaus à quarta cidade mais populosa do estado. Árvores frondosas, rios, clubes, restaurantes, e mais árvores. O gado também está por lá e muitos pastos que, me parecem, não deveriam estar ali - porque destoam... Chegamos à cidade de muito comércio, e a chuva parecia criar uma capa em cima dela. A praça onde apresentaríamos parecia um grande playground, com quadras, bares, restaurantes, crianças brincando, jovens jogando futebol, pessoas perambulando. Uma moça me chamou atenção: usava saias até o joelho, tinha os cabelos coloridos somente na metade inferior, um olhar baixo e falas desencontradas de vez em quando. Tentou se aproximar do grupo interrogando-nos sobre o que fazíamos ali, de que se tratava a nossa peça, já nos aconselhando sobre como deveríamos agir com outras pessoas e dando testemunhos de sua forma de pensar e agir. "Não sei bem de chuva, olho pouco pra isso", algo que ela nos falou ao perguntarmos sobre a possibilidade de chover durante a apresentação. Seguimos o nosso trabalho: montagem, organização de figurinos, costuras, reparos nas carecas e máscaras. Vale frisar que nesse momento contávamos com o auxílio luxuoso de Edson e Henrique - história à parte, precisamos escrever sobre a linda vinda do Edson e seu afilhado ao Norte! -, e também de Rosa, filha da dramaturga Rosyane, que foi a fiel escudeira de Isadora nos cuidados com o figurino. Gratidão, pessoas! Voltemos ao trabalho, hora de seguir com todos aqueles passos repetidos ao longo desses 3 anos de estrada com Flor: maquiar, aquecer, etc.etc. Tínhamos naquela noite uma apreensão diferente, que em nada tinha a ver com o nosso métier habitual: o problema era com o último capítulo da novela! Precisávamos começar pontualmente e esperar que as pessoas aparecessem. Quando entramos para o mergulhão, haviam pouquíssimas pessoas na plateia, mas isso não pareceu nos abalar. O cavalo marinho teve muita força e vigor, e a partir daquele momento nos olhamos e estabelecemos um pacto tácito: vamos curtir a apresentação! As cenas foram se desenrolando e as pessoas foram aparecendo, e cada vez mais se via gente chegando e engrossando aquele caldo bom! O público foi muito atencioso, apesar dos liquidificadores, e máquinas de encher pula-pula, e dos carrinhos motorizados das crianças, e da tv ligada logo ao lado na expectativa pela novela, e de todos os ruídos de um lugar que agrega quase todos os lazeres (prazeres?) daquela cidade.
E agora, pesquisando um pouco sobre a cidade na internet, me deparo com a informação de que Manacapuru quer dizer em tupi-guarani Flor Enfeitada! Que bonito! Logo pensei: a apresentação se enfeitou de gente querendo ver teatro - apesar da novela, apesar da chuva, apesar de tudo!
Gratidão, Manacá!
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