sexta-feira, 11 de março de 2011

Flor de Macambira na imprensa de BH

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Jornal Hoje em Dia, Belo Horizonte-MG, quinta-feira, 10/3/2011/ Editoria: Cultura / Páginas: Capa e Cultura 3 /
MIGUEL ANUNCIAÇÃO
CRÍTICO/ESPETÁCULOS
CAPA

Pecados de uma flor

“Flor de Macambira” reconta história da bela jovem que sucumbe aos “vícios e tentações mundanas”

Apalavrado até o último instante para cumprir nove apresentações de “A Farsa da boa preguiça” pela derradeira edição do Festival Internacional de Teatro de Palco e Rua de Belo Horizonte, o grupo Ser Tão Teatro também foi surpreendido pelas mudanças de planos, também careceu caçar outro rumo-e não é preciso rebobinar de novo as constrangedoras reviravoltas a que o FIT/BH de 2010 foi submetido. A boa notícia é que, ao largo da burocracia dos órgãos de Cultura locais, o grupo de João Pessoa (PB) chega à cidade: apresenta três sessões de “Flor de Macambira” na Praça JK – o trecho mais nobre da Avenida Bandeirantes, no Sion-, entre os próximos dias 17 e 19, sempre a partir de 18 horas. As três sessões têm acesso gratuito ao distinto público. Vamos conferir?

Esta primeira visita que o grupo nordestino realiza à cidade acontece graças ao patrocínio da Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), via programa Eletrobrás de Cultura, que patrocinou tanto a montagem quanto a turnê por 12 cidades de cinco Estados, dez às margens do Rio São Francisco. Depois de passar –e ser visto por cinco mil pessoas, aproximadamente – por Penedo (AL), Propriá (SE), Petrolina (PE) e Paulo Afonso, Juazeiro, Bom Jesus da Lapa e XiqueXique, todas na Bahia, a produção chegou a Minas Gerais no final de fevereiro. Já se apresentou em Januária (dia 1º) e São Francisco (dia 3) e se apresenta também na Praça dos Cariris em Pirapora, às 19 horas de amanhã, cidades do norte do Estado. Depois da breve passagem por Belo Horizonte, semana que vem, a turnê prossegue no Rio, onde cumpre seis apresentações entre 28 deste mês e 3 de abril.

Baseado em “O Coronel de Macambira”, o mais conhecido texto teatral do dramaturgo, poeta e engenheiro pernambucano Joaquim Cardozo (1897/1978), a dramaturgia do espetáculo é assinada pela autora, pesquisadora e professora carioca Rosyane Trotta e pelo grupo. No lugar dos quadros independentes do texto original, que se utilizam do bumba-meu-boi como elemento central, o enredo do espetáculo recorre à personagem Catirina como recurso de “costura”, de alinhavo narrativo.

Bastante jovem, extraordinariamente bonita, Catirina é festejada como “a mais bela flor da Fazenda Macambira”. Entretanto, fadada a experimentar a maldição que a dramaturgia mundial reserva aos personagens que aparentam ter tudo, ela “sucumbe aos vícios e tentações mundanas e, para salvar-se e a seu amado, mergulha nas profundezas de sua alma”. Nesta viagem ao dark side, Catirina trava contato com “tipos do cotidiano brasileiro como o coronel sanguinário, o padre mercantilista, o bicheiro corrupto, e o triunvirato do capitalismo: o economista ilusionista, o banqueiro especulador e o marqueteiro enganador vão sendo apresentados”.

Dirigido pela carioca Christina Streva, “Flor de Macambira” mobiliza nove atores (Cida Costa, Gladson Galego, Isadora Feitosa, Maisa Costa, Thardelly Lima, Winsthon Aquilles, Zé Guilherme, Anderson Lima e Rodrigo Costa e Silva) e uma equipe técnica de mais nove figuras ao seu redor.

continua...

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SER TÃO finalmente conhece o Sudeste
Companhia é respeitada no Nordeste e desconhecida em BH, SP e RIO

MIGUEL ANUNCIAÇÃO
CRÍTICO/ESPETÁCULOS

Apesar de um já vasto currículo de apresentações e viagens que contemplam diversas que contemplaram diversas capitais do Nordeste, esta será a primeira visita do Ser Tão Teatro a grandes capitais do Sudeste, como Belo Horizonte e Rio de Janeiro. É um momento importante do grupo, portanto, levando em conta que vem da região onde o teatro não alcança tanta projeção como em SP, Rio e Minas.

No Nordeste, porém, o Ser Tão pertence ao rol dos grupos maiores, mais estruturados, embora tenha menos que quatro anos de vida. Lá, ele é membro do coletivo A Lapada, que reúne os grupos Piolim e Alfenim, também paraibanos; Tarará, Estandarte e Clowns de Shakespeare (RN); Máquina e Bagaceira de Fortaleza (CE).

O Lapada é um coletivo bastante operoso: além de uma publicação que já rodou o 2º número, promove encontros duas vezes ao ano. Uma com todos os integrantes dos grupos e a outra com apenas representantes deles. Nestas reuniões, abordam basicamente estratégias de sobrevivência – a autogestão longe do eixo RJ/SP não é tarefa muito fácil. Numa destas reuniões, surgiu a idéia de montar “A Farsa da Boa Preguiça” em parceria com o Clowns de Shakespeare – que já esteve em Minas em algumas oportunidades, na primeira para mostrar “Muito Barulho por Quase Nada”, seu espetáculo de lançamento, que Eduardo Moreira, do Galpão, dirigiu.

Dirigido por Christina Streva e Fernando Yamamoto e juntando atores dos dois grupos, “A Farsa” está temporariamente fora de repertório. “Devemos voltar este ano, com ou sem os atores do Clowns”, define Christina.

Com cenário e adereços assinados por Carlos Alberto Nunes, figurinos de Daniele Geammal e caracterização de Mona Magalhães (maquiadora que também assina em diversos espetáculos do Galpão), “Flor de Macambira” possui trilha sonora original. Beto Lemos, da Cia. Carroça de Mamulengos, assina direção musical em parceria com Zé Guilherme, músico da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Além dos nove atores em cena, dois músicos tocam rabeca, bandolim, escaleta e diversos instrumentos de percussão ao vivo. Contribuem para reforçar a impressão de “festa popular com música, comicidade, cor e teatralidade” que o espetáculo pretende ter.

“Aparentemente simples, as histórias populares ocultam poderosas pistas para o entendimento do ser humano, diz Christina, que no momento atua como coordenadora de Cultura da Uni-Rio, e precisou se manter na ponte-aérea para dirigir “A Flor de Macambira”.

Segundo Rosyane Trotta, a dramaturgia do espetáculo não ignora a dimensão política da época e atualiza a narrativa, personificando o drama na protagonista, o que não existia no texto original. “Joaquim Cardozo não poupou liberdade poética para enlaçar literatura erudita, crítica social e festa popular. Nós buscamos entrelaçar sua poesia com o Brasil de nosso tempo e a linguagem cênica que emana do jogo vivo dos atores”.

Além das três sessões de “Flor de Macambira”, a passagem do Ser Tão Teatro prevê a oficina “Construindo a Cena”, para atores e não atores de desejem vivenciar princípios criativos do grupo. É grátis, aberta a 20 interessados e dura seis horas. Saiba mais no www.sertaoteatro.com.br.

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